quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

NÃO TEM BULA

NÃO TEM BULA.

Seria muito mais fácil se as pessoas também viessem com bula.
Já de início, na embalagem estaria estampado, aquelas pessoas que são para crianças apenas, as que são apenas para adultos. É claro que existiriam aquelas que serviriam a ambos!
Saberíamos do que seriam compostas as pessoas, sem ter que dedicar tempo a perguntas e a conquistas de informações tão valiosas, contando ainda com a possibilidade da pessoa omitir ou mentir certas informações. A bula não mente nunca. Saberíamos de ato, as informações relevantes a nós mesmos! Que tipo de ação poderíamos esperar. O quanto poderíamos nos relacionar para não ser nem menos do que precisamos, nem mais ao ponto de provocar uma super dosagem! Através da composição de cada pessoa, saberíamos o quanto nos dar e o quanto esperar da mesma, sem mágoas, expectativas ou ansiedade, afinal estaria tudo descrito na bula, sem enganos.
Os efeitos colaterais... Aquilo que seria indesejável em alguém viria claramente descrito na bula. Seria muito verdadeiro. Caso me relacione com esta pessoa, os efeitos colaterias podem ser: mágoas, tristezas leves, ansiedade e em casos mais severos até o suicídio.
Os danos que causariam de acordo com o tempo em nossas vidas também estariam descritos. A conseqüência por se romper o “tratamento” antes do esperado, ou a dependência por tempo prolongado.
Viria descrito também as pessoas que atacariam os rins, o coração, o cérebro... Sabemos que existem pessoas que atacam logo o corpo todo, mas isso não vem descrito em uma bula... Aquelas pessoas que podem causar alergias, dores crônicas e até mesmo a falência múltipla de todos os órgãos. Muito comum são as pessoas que causam náuseas. Há ainda aquelas que causam fortes dores de cabeça. Porém a maior parte é para de fato aliviarem alguns de nossos sintomas: a solidão, o desejo de ser mãe, aprendizagem, amizades, contatos profissionais...Bons pais, Irmãos, boas cunhadas (elas existem, como fadas, nem todos as podem ver, mas existem!) primos, tios, tias, madrinhas, padrinhos... Estas curam!
Até mesmos as indicações serviriam para aqueles mais afoitos pelos “por quês” da vida! Tal pessoa seria indicada para amizade, outra para relacionamentos passageiros, outras para confidencias sérias... Aquelas que servem para serem filhos, os que servem para serem pais e mães, até mesmo as profissões estariam claramente descritas, os dons artísticos, acadêmicos, sociais, ou por que não anti - sociais... Aquelas indicadas a trabalhos mais pesados e as mais delicadas, as indicadas a pobreza e as mais qualificadas a riqueza, (de que). Enfim tudo estaria ali, indicado...
Seria muito bom também já entender as causas e efeitos. Não teríamos que dedicar tanto e tanto de nossos pensamentos procurando relacionar... Causas e efeitos em nossas vidas... Se você se relacionar com esta pessoa terá alivio imediato da tensão, porém um dos efeitos é a ressaca moral posterior. Outra pessoa tem efeito de extremo prazer mas ataca diretamente sua conta bancária. Outra ainda fere sua moral e dignidade, mas provoca efeito de mudança... É bem verdade que ainda teriam aquelas que como causa teriam a alegria e como efeito a dança, talvez estas sejam mais raras... Difíceis de encontrar. Diferente das pessoas “genéricas” que encontramos em todos os lugares, existiriam aquelas de laboratórios específicos, caras e raras... Outras manipuladas, essas já bem mais freqüentes.
Já imaginou ter as interações das pessoas em nossas vidas. Descritas, tal qual remédios!!! Seria muito bom saber se quando associadas a outras pessoas, teríamos ou não efeitos. Imaginem, se esta pessoa tiver interação com aquela outra o resultado será tal, brigas, ódio, desentendimento, bem como filhos, amores e ilusões: tudo descrito na bula de cada pessoa. Se interagir com outra pessoa amarga, invalida os efeitos de sua alegria! Se interagir com pessoas falsas, criará mais e mais condições de ser você mesmo.
Caberia também aquela parte de "modo de uso". Isso facilitaria muito. Não causaria nenhum transtorno, pois já saberíamos exatamente a maneira de “usar” e isso não seria sequer uma ofensa! Seria apenas parte da prática. Use apenas enquanto durarem os sintomas, para o amor maduro seria ótimo... E eterno. “Dose única” seria ótimo para aquelas relações doentias... Pessoas injetáveis seriam de ação rápida para curarem males doloridos demais... Pessoas sábias seriam utilizadas em doses homeopáticas... Outras seriam como antibióticos, necessárias mesmo quando desaparecem os sintomas. Algumas seriam de uso tópico, outras inaladas, algumas seriam ingeridas com água para melhor absorção... Tem gente que é difícil de engolir mesmo!
Ficaria muito mais simples lidar com as famosas reações adversas dos relacionamentos humanos se estas viessem descritas na bula de cada indivíduo. Como acontece com os remédios tais reações apareceriam e iríamos ao médico, sem medo nem temor. Sem a bula, quando tais reações adversas aparecem, sentimos medo e vergonha de procurar o “psicólogo”! Sem falar que seria mágico demais ter descrito na bula aquilo que procuramos evitar ao longo de nossas vidas.
Saberíamos exatamente o que fazer em caso de super dosagem! Lavar em abundância resolveria uma paixão avassaladora. Lavagem intestinal eliminaria aquele ex- marido intragável, ou aquela ex- mulher nojenta. Talvez apenas informar ao médico já seria suficiente em relação a briguinhas banais. Não criaríamos dependência, pois esta também viria descrita na bula! Não iniciaríamos o processo que gera a carência por sentir falta de alguém.
Saberíamos inclusive como conservar. O que também seria ótimo, para aqueles que temem as perdas. Longe do alcance das crianças, lugares úmidos, temperatura ambiente... Tudo correto para cada tipo.
Se as pessoas viessem com bulas, teríamos uma parte do texto que Iria nos advertir, caso houvesse algum problema. Caso as coisas não saíssem como o esperado! Tudo o que esperar, o que não esperar, o que fazer em caso de emergência estaria ali descrito.
Outra parte em destaque seria a das reações em idosos e crianças... Talvez por sua maior fragilidade diante das medicações e porque não dizer das pessoas e dos relacionamentos. Crianças e idosos estariam mais protegidos de relacionamentos de pais descompensados, de filhos mimados... Estariam protegidos dos males de uma sociedade estranha, que não os considera muito bem. Seriam poupados pela descrição da bula.
Porém...
Não tem bula.

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